Sobre a situação no Brasil
Crise política
A crise política do PT, tanto enquanto governo, como também enquanto referência política para os movimentos sociais, é um fenômeno característico dos governos de frente popular. À medida que os trabalhadores percebem que o governo não vai mais à esquerda, não realiza reformas essenciais, ou quando passa a retirar direitos em época de crise econômica, tais lideranças passam a ser alvo de críticas dos próprios trabalhadores e movimentos sociais. Portanto, até certo ponto era algo de se esperar e que ocorre também em outros países nesse momento.
Conservadorismo
Contudo, algo peculiar no Brasil é o aumento do setor conservador na sociedade. Esse conservadorismo se expressou nas marchas coxinhas de junho de 2013, traduz-se também no aumento da bancada evangélica no Congresso Nacional e também se mostrou na disputa eleitoral à presidência em 2014. Esse setor conservador parece ser fruto da própria política do PT.
O problema da liderança
Explicando melhor, ao longo de 3 mandatos do PT programas de combate à miséria e políticas afirmativas produziram efeitos concretos na sociedade brasileira, fazendo com que milhões saíssem da linha de pobreza. Contudo, por sua própria característica como governo de Frente Popular, o PT não foi à esquerda, realizando a reforma agrária e a reforma política entre outras medidas, mas continuou confortavelmente no centro, atendendo aos imperativos das corporações que financiam as campanhas. Resultado? Parte dessa massa que agora tem garantia a um mínimo de alimentação e educação adquiriu um caráter político de direita.
Multiplicam-se as lutas
Com a crise do PT e a crise econômica, multiplicam-se as greves, as marchas e os atos. O Paraná vive uma greve geral na educação. As universidades públicas flertam com uma greve nacional frente ao corte de 30% no orçamento de Educação da Pátria Educadora. Os metalúrgicos da GM de São José dos Campos continuam em greve contra a demissão de 800 trabalhadores. Os metalúrgicos da Volks de São Bernardo conseguiram uma vitória em janeiro em uma luta semelhante. Em SP, amanhã ocorrerá a Marcha pela água, por iniciativa do MTST. Em sete estados (MT, MS, SP, MG, PR, SC, RS), caminhoneiros estabeleceram bloqueios nas estradas como protesto pelo aumento abusivo do combustível, e o estrangulamento econômico já afeta o Capital (principalmente a agroindústria). No início de 2015, atos contra o aumento de tarifa e pela Tarifa Zero foram realizados em diversas cidades, por iniciativa do MPL.
Unificar
Cada causa expressa uma questão específica, mas é necessário que trabalhadores e estudantes unifiquem as suas lutas diante de um inimigo em comum. Não devemos cair na tentação de defender um governo em crise, se ele escolhe não nos representar. E também não devemos cair na tentação de substituir uma figurinha carimbada por outra, já que ambas têm os mesmos financiadores de campanha e apresentam a mesma política econômica neoliberal. Devemos confiar tão somente na força das ruas, nos movimentos sociais, na mobilização. Esse é o poder de verdade.
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