Volver a la Kollontai!
Acabei de assistir a um belíssimo filme: Volver, do renomado diretor Pedro Almodóvar. Muito pode ser dito sobre essa obra-prima. É o retrato fiel do pueblo e das ruas conturbadas da metrópole, os velhos e os novos hábitos de uma cultura em transformação. Mas, deixar de falar da solidariedade feminina, da qual o filme é expressão essencial, seria ser absurdamente superficial.
O título, muitíssimo sugestivo(como de costume nos filmes de Almodóvar) dá nome à metáfora central do filme, ou seja, um retorno enriquecedor às origens culturais tanto do povo hispânico, como das mulheres em especial. Nesse último sentido, principalmente para quem já teve contato com a obra de Alexandra Kollontai, as cenas são carregadas de significados. A mulher moderna nasceu no pueblo, mas aprendeu a gostar da cultura urbana. Contudo, em termos emocionais se sente muito só, esgotada pelo trabalho, pelos afazeres domésticos, pela relação problemática com os filhos e (o que dir-se-á então...) pelos homens. Apesar dos fantasmas do passado, a mulher do velho tipo(empregando-se a nomenclatura de Kollontai) insiste em se reaproximar da mulher do novo tipo.
No filme, Agustina representa uma mulher do velho tipo, a qual escolheu viver no pueblo e sua vida é permeada pelos elementos tradicionais da cultura. Contudo, suas reservas emocionais são maiores, em parte pela mais intensa solidariedade experimentada entre as mulheres do pueblo, em parte por dedicar mais tempo a cultivar emoções. No cenário da cidade, suas roupas e jeito singelos são uma visão exótica.
Raimunda representa uma mulher do novo tipo, a qual se maqueia e usa roupas atraentes, é capaz de dirigir seu próprio negócio e administrar sozinha sua família(não se espantem tanto com a morte de Paco...assistam! Vocês vão entender, então, e dar uma boa risada!). Ela foi criada por mulheres do velho tipo no pueblo, mas vive na metrópole e seus hábitos são muito diferentes. Contudo, a habilidade feminina de reinventar o passado é estarrecedora. Dessa forma, a mulher do novo tipo sabe aproveitar os velhos laços de solidariedade, reformulando-os, para conseguir alcançar seus objetivos. Além disso, as fofocas e o cuidado com as aparências continuam sendo parte ativa da sobrevivência das mulheres(razão das "pequenas" mentiras).
Agustina procura Raimunda quando está para morrer(Agustina tem câncer, mas, em termos metafóricos, a trama nos diz que a mulher do velho tipo está em extinção). Reiteradamente, Agustina procura Raimunda e esta tenta se desvencilhar. Afinal, recordar o passado significa reviver fantasmas de uma vida já enterrada, pensa a mulher do novo tipo.
Mas o filme deliciosamente nos mostra que não, que voltar ao passado é não apenas possível, mas necessário. Por um lado, o pedido de Agustina a Raimunda estabelece um laço de solidariedade até então perdido no tempo e no espaço. Mas além disso, a trama nos prova, em um belo final, que voltar às origens ajuda à mulher moderna a enxergar possibilidades melhores para o futuro. Um belíssimo filme!
E, para quem tiver condições e paciência para ver o filme e, após refletir um pouco, revê-lo, será recompensado pelas fantásticas referências que o filme estabelece desde sua origem. E, para aqueles amantes do tragicômico, saibam que essa obra criada(também) por Almodóvar traz cenas e comentários de um humor inteligente.
O título, muitíssimo sugestivo(como de costume nos filmes de Almodóvar) dá nome à metáfora central do filme, ou seja, um retorno enriquecedor às origens culturais tanto do povo hispânico, como das mulheres em especial. Nesse último sentido, principalmente para quem já teve contato com a obra de Alexandra Kollontai, as cenas são carregadas de significados. A mulher moderna nasceu no pueblo, mas aprendeu a gostar da cultura urbana. Contudo, em termos emocionais se sente muito só, esgotada pelo trabalho, pelos afazeres domésticos, pela relação problemática com os filhos e (o que dir-se-á então...) pelos homens. Apesar dos fantasmas do passado, a mulher do velho tipo(empregando-se a nomenclatura de Kollontai) insiste em se reaproximar da mulher do novo tipo.
No filme, Agustina representa uma mulher do velho tipo, a qual escolheu viver no pueblo e sua vida é permeada pelos elementos tradicionais da cultura. Contudo, suas reservas emocionais são maiores, em parte pela mais intensa solidariedade experimentada entre as mulheres do pueblo, em parte por dedicar mais tempo a cultivar emoções. No cenário da cidade, suas roupas e jeito singelos são uma visão exótica.
Raimunda representa uma mulher do novo tipo, a qual se maqueia e usa roupas atraentes, é capaz de dirigir seu próprio negócio e administrar sozinha sua família(não se espantem tanto com a morte de Paco...assistam! Vocês vão entender, então, e dar uma boa risada!). Ela foi criada por mulheres do velho tipo no pueblo, mas vive na metrópole e seus hábitos são muito diferentes. Contudo, a habilidade feminina de reinventar o passado é estarrecedora. Dessa forma, a mulher do novo tipo sabe aproveitar os velhos laços de solidariedade, reformulando-os, para conseguir alcançar seus objetivos. Além disso, as fofocas e o cuidado com as aparências continuam sendo parte ativa da sobrevivência das mulheres(razão das "pequenas" mentiras).
Agustina procura Raimunda quando está para morrer(Agustina tem câncer, mas, em termos metafóricos, a trama nos diz que a mulher do velho tipo está em extinção). Reiteradamente, Agustina procura Raimunda e esta tenta se desvencilhar. Afinal, recordar o passado significa reviver fantasmas de uma vida já enterrada, pensa a mulher do novo tipo.
Mas o filme deliciosamente nos mostra que não, que voltar ao passado é não apenas possível, mas necessário. Por um lado, o pedido de Agustina a Raimunda estabelece um laço de solidariedade até então perdido no tempo e no espaço. Mas além disso, a trama nos prova, em um belo final, que voltar às origens ajuda à mulher moderna a enxergar possibilidades melhores para o futuro. Um belíssimo filme!
E, para quem tiver condições e paciência para ver o filme e, após refletir um pouco, revê-lo, será recompensado pelas fantásticas referências que o filme estabelece desde sua origem. E, para aqueles amantes do tragicômico, saibam que essa obra criada(também) por Almodóvar traz cenas e comentários de um humor inteligente.
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