"Socorro": espetáculo de dança e teatro
espectadores e ouvintes não tardarão a descobrir o que procuraram os intérpretes. as coisas se passam como num teatro de marionetes quando os heróis são ameaçados pelo crocodilo
Ao ler essa citação de Peter Handke, no interior do material de apresentação do espetáculo, fiquei matutando qual seria o significado. Após assistir "Socorro", contudo, as palavras ganharam vida!
"Socorro" brinca com dualidades: flexibilidade, rigidez; propulsão, condução; indivíduo, coletivo; subconsciente, consciente; etc. São 5 ou seis atos de dança e interpretação. Neles, os artistas brincam com seus corpos executando uma coreografia fora do normal; ao fazê-lo também "brincam" com os espectadores, que passam a questionar seus próprios comportamentos.
Os artistas ora usam de bonecos cenográficos para representar o "teatro de marionetes", ora usam os corpos dos próprios colegas. Em um dos atos, uma artista representa uma boneca, com três artistas controlando cada movimento seu. É inevitável não pensar em como somos manipulados individualmente por forças materiais e ideologias titânicas.
Outro ato que me chamou a atenção começa e termina do mesmo jeito! São 2 artistas sentados com um boneco em cada lado, dando a impressão de que são a platéia do espetáculo. Dessa forma, os papéis se invertem. As pessoas da platéia real começam a se impacientar, começam a se colocar no lugar dos artistas, imaginando o que farão depois.
Apesar de cada ato encerrar um conteúdo próprio, há vários elementos que dão um sentido comum. A tensão no olhar, os movimentos mecânicos, a violência contra a espontaneidade.
"Socorro" será apresentada amanhã(15/11) às 20h no teatro da UFSC, Praça Santos Dumont, na Trindade. Se você gosta de dança e arte em geral, não perca!
direção/concepção: Zilá Muniz
intérpretes-criadores: Egon Seidler; Elisa Schmidt; Karina Degregório;
Paula Bittencourt; Vicente Mahfuz.
Comentários